CONVERSA FILOSÓFICA 8: ELES E MAIS UM FIM DO MUNDO




Onde estão? Onde estão às sete pragas para a nova era? Onde estão os sete selos do apocalipse? Onde estão os anjos com suas trombetas maravilhosas trazendo a anunciação do fim do mundo? Onde está o anjo da morte qual o próprio bem e o mal teme? Onde está o anjo exterminador que abrirá as portas dos céus e do inferno para que o bem e o mal façam com que o caos impere em sua forma mais primitiva e traga enfim o fim do mundo? Onde estão os cavaleiros do apocalipse? Onde está o bezerro vermelho?
Alguns estão ansiosos pelo eventual fim do mundo que se anuncia para o próximo dia 21, outros nem crêem, enfim. Mas será que o fim do mundo já não passou há muito tempo? Talvez este, seja apenas mais um fim do mundo, de alguns outros que já tenham acontecido em nossa história.
O termo correto nem é fim do mundo, pois o mundo continuará existindo por ainda muitos bilhões de anos, quando o próprio universo explodir e implodir, ou vice e versa, ou sei lá. O que talvez acompanhemos é apenas mais um final da civilização humana como conhecemos, para talvez um novo recomeço, uma nova ordem, ou uma nova chance de tentarmos ser um pouco menos ruins, para com o nosso mundo, para com todos os seres viventes e não viventes dele, e para com nós mesmos.
Talvez seja a oportunidade de mudar as relações das classes sócio econômicas, ou propriamente as relações humanas, e de implementar um pouco mais de civilidade, educação, bondade e cordialidade em nossas rotinas. Talvez seja a oportunidade de extinguir certas relações de subserviência que nos domina, em um sistema controlado por pessoas que nem sabemos quem são, ou muitas vezes somos até obrigados a simplesmente a ignorá-los, mas sabemos que eles estão lá, sabemos que se usam de seu poder e influência, se utilizando da máquina pública e privada, com a justificativa de beneficiar a todos, porém com o único intuito de beneficiarem a si mesmos e a há alguns dos seus. São eles, que ganham as corridas antes mesmo da largada*. São eles, que sempre tem um esquema, ou sempre conhecem alguém. São eles sempre os donos da situação, são eles que ditam as regras, que impõe os padrões de beleza, que determinam o que é feio e bonito, que ditam o que é do bem e o que é do mal, são eles que elegem, anunciam e destrói nossos heróis, vilões, celebridades e subcelebridades, sempre seguindo seus conceitos, preceitos e preconceitos, para sempre se beneficiarem e beneficiarem há alguns dos seus. São eles que determinam os valores, as marcas, o que está na moda, o que é saudável e o que não é saudável, o que é vício e o que é hobby. São eles que traduziram a bíblia e determinam o que é pecado, o que se pode, o que não se pode, assim como o que se deve e o que não deve fazer. São eles que determinam o que se deve comer, o que se deve produzir, o que se deve vender e comprar, o quanto valem ou deixam de valer as coisas, assim como quais os são os valores de tudo, o que é valioso, o que é raro e o que é lixo. São eles que determinam o que é moderno, o que cult, o que é vintage, o que é contemporâneo, o que é obsoleto e o que é ultrapassado. São eles que dizem quais palavras entram e saem dos dicionários, sempre seguindo seus conceitos, preceitos e preconceitos, para sempre se beneficiarem e beneficiarem há alguns dos seus. São eles que fabricam as armas, vendem as armas, são eles que fazem passeatas pelo desarmamento, são eles que recolhem as armas, são eles que reciclam as armas e as revendem como utensílios diversos, ai fazem campanha pela liberação das armas, então eles fabricam as armas, eles vendem as armas, fazem passeatas pelo desarmamento, recolhem as armas, reciclam as armas e as revendem como utensílios diversos. São eles que ditam as regras do tempo, as regras da física, às regras do mundo! São eles os senhores das guerras, e são eles os senhores da paz, sempre seguindo seus conceitos, preceitos e preconceitos, para sempre se beneficiarem e beneficiarem há alguns dos seus.
Enquanto isso, na coletividade, alguns os seguem por admiração, outros por obrigação, outros por falta de opção, e baseado nos conceitos, preceitos e preconceitos de alguns, a sociedade se afunda em padrões, e cada vez mais se pode menos, tudo que se fala é preconceito, tudo é moralmente questionável, ou politicamente incorreto. Vivemos a mais clara e agressiva era dos estereótipos, a era da desinteligência, da falta de personalidade, da ausência de senso crítico e a perda dos idealismos. Estamos vivendo o já outrora anunciado apocalipse moral. Quando querem transformar a juventude em idiotice, a experiência em ostracismo, a dignidade em luxo, a honestidade em coisa incomum, quando querem transformar a inteligência em doença, a beleza em futilidade, a cultura em somente comércio, a crença em fanatismo, quando querem transformar a bondade em fraqueza e a esperança em maldição. Mais do que isso, vivemos a era em que se é obrigado a aceitar tudo sempre, pois qualquer coisa pode ser visto como um ato contra a liberdade. Estão usando o nome da liberdade para aprisionar, e ninguém está percebendo. Mas onde está a liberdade, se tanta gente vive sem ter até o que comer?*
Tudo sempre é motivo para alguém falar alguma coisa. É gente falando que Monteiro Lobato é racista, é gente achando ruim por que nas notas de dinheiro tem escrito “Deus seja louvado”, é gente fazendo passeata contra a violência, porém se esquecem que a paz é contra a lei e a lei é contra a paz*.
Infelizmente a humanidade não evoluiu o necessário para vivermos um mundo melhor, e mesmo muita gente fazendo muita coisa, as ações individuais, que são boas e inteligentes se tornam ineficazes frente à coletividade e suas ações, que ao contrário, são burras, perigosas e por vezes violentas. Além do fato de estarmos inseridos num sistema gerido por alguns conforme citado antes, que se usam de seu poder e influência, se utilizando da máquina pública e privada, com a justificativa de beneficiar a todos, sempre seguindo seus conceitos, preceitos e preconceitos, porém com o único intuito de beneficiarem a si mesmos e a há alguns dos seus  (o sistema foi revelado, e será apresentado em artigo futuro). A humanidade ainda não encontrou o equilíbrio, hora pregando o liberalismo total, hora o autoritarismo extremo, e em ambas as situações por motivos óbvios e que todos conhecem, as instituições, os governos e a própria sociedade ruem.
Mas apesar de todo o prognóstico ruim, a humanidade caminha em passos curtos e desanimados em meio ao um maravilhoso e simples temporal, o caos. Vamos passar por mais este fim do mundo, e tomara que o mundo que se suceda seja melhor. Mas o que tudo isso importa? Pois enquanto este cretino escreve besteiras, e você caríssimo e raro leitor absorve estas palavras, a humanidade continua se destruindo e as pessoas continuam se matando.*
* Trecho da música “3º do Plural”, Engenheiros do Hawaii;
* Trecho da música “Infinita Highway”, Versão Acústico MTV, Engenheiros do Hawaii;
* Trecho da música “Cachimbo da Paz”, Gabriel, o Pensador;
* Trecho da música “Desabafo”, Marcelo D2.

REDAÇÃO
AFM

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